quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mini Carnaval 2011

Em reunião da LIMES, a Liga Independente das Mini escolas de Samba ( http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=105030218 ) dia 20 de dezembro de 2010, a publicação do desfile será entre os dias14 e 20 de março de 2011.

Em seu segundo ano, a LIMES contará com novas escolas filiadas e novo projetos.
 A Tribo de Niterói trará para a avenida virtual em 2011o enredo

“De onde viemos, o que somos e para onde voltaremos”


   Nossa viagem começa no ritmo frenético de uma dança que teve início há 4.600.000.000 de anos, quando nuvens de poeira e gases à deriva no espaço se “enamoravam”. Minerais com alta densidade acumularam-se no centro da formação; outros mais leves formaram uma fina crosta, dando início a construção da nossa morada no universo. Uma imensa massa de lava incandescente, que durante um longo processo de resfriamento deu origem a uma grande diversidade de minerais.

   O calor e a pressão no centro da Terra fizeram surgir o ferro, o magnésio, o silício, o níquel, o cálcio, o alumínio, o potássio, o sódio, o ouro, a prata, o bronze, o diamante, a turmalina, a bauxita, o cobre, a calcita, o topázio e uma infinidade de outros minerais. A força incandescente que rompe as camadas mais profundas, chega até a superfície explodindo em energia, fazendo a Terra tremer, arder e renascer. A magnífica “dança dos minerais” foi o berço da vida, ajudando a aquecer o útero da grande mãe Terra, que fecunda, fez surgir uma explosão de vida e fertilidade.
   Milhões de anos  mais tarde surgiu o homem, o mapa da criação: da terra viemos, terra somos e para terra voltaremos. Terra geradora e final da vida; berço e morada eterna do homem. Somos feitos da mesma matéria prima, da mesma carne da Terra.
     Durante mais de 3 milhões de anos o homem viveu caçando animais selvagens e coletando frutas e sementes. Sub-julgados  a vontade da natureza, os primeiros grupamentos humanos deslocavam-se de um lugar para o outro à medida que o alimento ficava escasso. O nômade estava constantemente em busca de novas e mais fartas fontes de alimento.

   Drásticas mudanças climáticas a cerca de 10 mil anos empurraram o homem para regiões antes inóspitas. As comunidades foram obrigadas a desenvolver novas formas de aproveitar os recursos naturais.  A mais importante das formas de adaptação ao meio, que iria mudar a trajetória da humanidade, foi o desenvolvimento da agricultura como meio de vida.
   O nômade primitivo agora passa a compreender os ciclos da natureza, aprende a plantar e a colher, desenvolvendo assim a “cultura da terra”, a agricultura.  Com a terra domesticada e o aumento  da oferta de alimentos sobrevém o crescimento populacional, o aperfeiçoamento de técnicas e, pela primeira vez, a humanidade se depara com a sobra de alimentos, o que permite a organização e estocagem, que fixavam o nômade num território.

   Como manifestação de gratidão à mãe Terra, o homem separa parte de sua colheita e oferta as divindades, à Grande Natureza. Do solo o homem extrai o alimento, nutrindo seu corpo de saúde e energia, e sua alma de esperança e prosperidade para o futuro de sua espécie. 
   Com o passar dos séculos a relação do homem com a terra e seu Criador se aperfeiçoa. Os cultos primitivos à colheita fazem nascer o sentimento de aproximação com o divino, com o sagrado. Em diferentes épocas e culturas surgem religiões, que com o passar do tempo vão ganhando cada vez mais espaço e importância nas sociedades humanas. Nas mais diferentes doutrinas  surge o conceito de uma terra sagrada, uma terra presenteada por Deus a seus filhos. Uma promessa de paz e fartura; uma terra paradisíaca, abençoada pelo Criador: uma terra prometida.
   Dentre todas, a mais importante delas é a Terra santa de Jerusalém: centro de peregrinação do islamismo, do judaísmo e do cristianismo. Repleta de locais sagrados para as três religiões, Jerusalém é o foco da fé de bilhões de pessoas.

   A terra santa é a terra prometida por Deus a seus filhos. É promessa de paz, que com a benção dele, ainda viverá em paz, com homens de boa vontade, independente de sua crença.
    Mais tarde, já no mundo medieval, surge a idéia de propriedade, muito parecida com a que nós temos hoje. A terra deixa de ser livre, de todos, e passa a ter um dono, um senhor. O surgimentos dos feudos (comunidades agrícolas privadas)  originou a uma nova relação do homem com a terra. Nessas propriedades, servos  cultivavam a terra do senhor, que , em troca, permitia que eles vivessem sob sua proteção. Esses feudos prosperaram, cresceram e uniram-se, dando origem aos primeiros estados, que vão mais tarde transformar-se em nações  poderosas. A terra vira sinônimo de poder e riqueza.  A figura do rei ganha força. Nasce também na Idade Média a idéia de identidade ligada a terra de maneira definitiva: o homem agora tem origem na terra onde nasce, e passa a representá-la onde for.

                                                    
      No final do século XIV, avanços tecnológicos aperfeiçoaram as técnicas de navegação e das ciências como um todo, permitindo ao homem expandir as fronteiras de sua imaginação. Lançando-se ao mar, o homem modifica sua percepção do mundo: antes plana, agora a Terra passa a ter uma forma arredondada. O ímpeto, a coragem e a ambição fizeram com que o homem se lançasse em viagens marítimas rumo ao desconhecido: oceanos de monstros e feras fantásticas, além-mar, em busca de novas terras.  Era o momento da expansão das fronteiras e de mudar o mapa político da Terra. A odisséia humana de enfrentar o grande oceano  ampliou as culturas e proporcionou a aproximação de mundos distantes, mudando assim a concepção do homem sobre o planeta.

                                                            
   O tempo passou e o mundo se modernizou. A relação do homem ambicioso com a Terra se desgastou. Sem escrúpulos, consumimos indiscriminadamente seus recursos. Mal-utilizamos o solo abandonando nele todos os nossos detritos, contaminando rios, lagos, lençóis freáticos e diminuímos sua vida útil. Nossa ambição desmedida e inconseqüente vem criando desequilíbrio para o planeta e para nós mesmos. Agredimos a terra com agrotóxicos, que em nome do lucro, envenenam o solo e nosso organismo. Pesticidas que matam insetos, e ,conseqüentemente, pessoas: “pesticidas homicidas”.


   Essa violência contra a natureza altera o aspecto dos alimentos e nossa natureza humana. Uma nova e preocupante questão vem à tona: alimentos transgênicos. Condená-los ou absolvê-los? Seria essa a solução da fome ou a disseminação de um grande problema? Anjos ou demônios?
   Já é hora de respeitarmos nossa terra, cultivando alimento puro, livre de insumos, aditivos e alterações genéticas. Esse é o caminho para nos reconciliarmos com nossa mãe, que sempre nos devolve em fartura tudo que plantamos com amor.
  
   Mas não só de problemas vive o campo brasileiro. Já dizia Caminha em nossa certidão de nascimento: “nessa terra, em se plantando tudo dá”. Ao chegar ao Brasil os portugueses se depararam com uma terra de formação geológica ancestral, de proporções continentais, de riqueza natural e belezas infinitas. E tudo que foi plantado frutificou: tivemos o ciclo da cana-de-açúcar, do café, hoje vivemos o auge da produção da soja, dentre inúmeros outros frutos desta terra sagrada.

   “Celeiro do mundo”, nosso país torna-se o maior produtor mundial de vários grãos; terra que vai alimentar o mundo de pão e de cultura. Esta sim é a “terra prometida”, da tolerância, da fartura de amor, onde convivem todos os credos e raças. Terra da alegria, do bom humor, de onde brota um povo moreno, da cor da terra, mestiço e feliz. É deste solo que brota o maior espetáculo da Terra: o carnaval brasileiro! 

                                                                                                                               Jorge Luiz Silveira

Um comentário: